PONTO DE VISTA

Em Ponto de Vista, Paulo Cibella provoca todos a imergirem em uma reflexão intrigante sobre as estruturas sociais e profissionais que permeiam nossa percepção de mundo, incluindo uma perspectiva crítica sobre o impacto da tecnologia e da mídia digital em nossas vidas. A exposição, curada por Leonardo Maciel, ao desafiar a herança do colonialismo na linguagem e compreensão das funções sociais, abre diálogos cruciais sobre preconceitos e a forma como as pessoas são vistas e tratadas pela sociedade.

Os cartões de ponto, uma metáfora para ambientes de trabalho, transformam-se em telas que expressam narrativas poderosas, explorando uma variedade de cargos e funções presentes no mundo contemporâneo. Além de representar figuras tradicionais como “Chefe”, “Doutor” e “Campeão”, a exposição se estende ao universo dos “Influenciadores Digitais”, “Blogueiros” e “Criadores de Conteúdo”. Estas personalidades atuais são analisadas sob a luz de como a palavra reconfigura as noções de trabalho, status e influência. Da mesma forma, figuras marginalizadas como “Mendigo”, “Favelado” e “Desocupado” são recontextualizadas, questionando rótulos pejorativos e reducionistas frente à complexidade das experiências humanas. A exposição também contempla como a tecnologia pode tanto marginalizar quanto conceder autoridade a indivíduos nestas categorias.

Ponto de Vista busca desconstruir as noções preconcebidas sobre indivíduos em todas as esferas, abrindo amplo espaço para a compreensão e empatia. Ao percorrer esta exposição, somos convidados a questionar grupos hegemônicos que moldam a forma como vemos e tratamos uns aos outros. Reconhecendo cada ponto registrado como um reflexo de uma sociedade em constante evolução e ebulição, a exposição destaca a necessidade de repensarmos nossos preconceitos e assumirmos a responsabilidade coletiva na construção de um cenário social mais justo e inclusivo, onde cada “Funcionário” ou “Colaborador” merece ser visto como um ser para além dos estigmas, revelando as complexas narrativas que cada um carrega consigo.

LEONARDO MACIEL